sábado, 4 de junho de 2011

Uma visão mais clara sobre o que é a motivação

Olá Ser Humano Bonito, espero que te encontres bem, como sempre espero, aliás!

Como já deves ter compreendido através da leitura do cabeçalho, do título, o assunto que hoje me motiva a escrever é a motivação. Isso mesmo, sinto-me motivado para discorrer filosoficamente acerca da motivação.
Muito se fala hoje em dia sobre motivação. Diz-se que é a motivação que nos faz mexer. Nas empresas diz-se que é preciso motivar os trabalhadores. Os trabalhadores, por seu turno, queixam-se de falta de motivação, queixam-se de não terem motivação para se levantar da cama demanhã. Os alunos afirmam que não se sentem motivados para estudar. No futebol diz-se que jogador A, B ou C se encontra visivelmente desmotivado e que, por esse motivo, não rende o que deveria render. Diz-se também que tal pessoa, tal professor, tal treinador de futebol é uma pessoa altamente motivadora e ainda, que tais locais são altamente motivantes e motivadores.

Há algumas semanas atrás, para dizer a verdade, talvez uns dois meses ou mais, encontrava-me eu por Aveiro, quando decidi assistir a uma workshop chamada de Life Energy, onde iria falar-se sobre vários temas, dentre os quais se destacava a motivação. Um dos oradores, ao qual tocou a possibilidade de falar sobre motivação, introduziu um conceito que foi para mim, altamente motivador, uma vez que, em tal altura, acreditava encontrar-me desmotivado. E esse conceito foi, nem mais nem menos que, não existe desmotivação. E não existindo desmotivação, não é possível existir gente desmotivada. Seguiu-se a ideia de que toda a gente se encontra motivada. Nessa altura, nem quis acreditar! Como assim??? Toda a gente está sempre motivada??? Obviamente que o palestrante aproveitou para fazer algum suspense na plateia mas, pouco depois, afirmou que toda a gente se encontra motivada para fazer exactamente aquilo que está a fazer agora mesmo!!! Ora essa!! O que é certo é que, para mim, isto me fez todo o sentido! Se eu programo levantar cedo ao Domingo demanhã mas, na verdade, fico a dormir, a verdade é que eu me encontro motivado para ficar a dormir! Se eu tenho um trabalho para fazer à tarde e, em vez disso, vou navegar na net, a verdade é que me encontro motivado para navegar na net! Concluindo, nós estamos sempre motivados para fazer o que quer que seja que estejamos a fazer agora mesmo e desmotivados para fazer uma qualquer outra coisa.

No entanto, como é óbvio, isto não pode servir como desculpa para fugir às nossas obrigações. Serve apenas para compreendermos que, estamos sempre motivados e que, por isso, a desmotivação não pode ser considerada uma desculpa para não agir.

Outra coisa importante a compreender é que a palavra motivação vem de motivo! Como seres humanos precisamos de um motivo ou mais para fazer aquilo que fazemos. E esse motivo ou mais motivos prendem-se directamente com as percepções de dor e prazer. Aquilo que nos motiva, motiva-nos porque, ou perspectivamos que fazer essa coisa para a qual nos sentimos motivados nos vai trazer benefícios ou nos vai evitar prejuízos, ou ambas as coisas. Por outras palavras, se o meu balanço, mais ou menos consciente, de prazer / dor, pender mais para o lado do prazer do que da dor, ou seja, se eu souber que, apesar de aquilo me ir dar alguma dor ou desconforto, no final, o prazer que me dará compensará a dor, eu estarei motivado para fazer essa coisa! No entanto, se eu perspectivar que tal coisa me dará mais dor do que prazer, porque motivo haveria eu de querer fazê-la? Neste caso, dizemos estar desmotivados.

No entanto, normalmente, estas percepções baseiam-se no imediato. Isto porque, uma coisa que temos para fazer, embora vá ser aborrecida no curto-prazo, irá compensar a longo-prazo, por exemplo, a questão de levantar cedo para ir dar uma corrida. Apesar de no curto-prazo, saber melhor ficar no quentinho, a verdade é que, se for correr, apesar de custar bastante a levantar, durante e no final da corrida sentir-me-ei maravilhosamente para o resto do dia, compensando a dor de me levantar pela manhã.

O ICF, International Coaching Federation, reconhece quatro formas de motivação, mais uma. As quatro formas de motivação reconhecidas são (1) Reconhecimento, (2) Prémio, (3) Desafio e (4) Aprendizagem, sendo consideradas formas de motivação positivas através das quais se deve tentar motivar alguém. Por exemplo, poderei dizer que, vou fazer este projecto porque no final vou ser reconhecido pelo meu bom trabalho, tornar-me-ei mais forte devido ao desafio que tal envolve, ganharei €10.000 e, ainda, aprenderei bastante com a sua execução.

Por outro lado, como forma de motivação mais pela negativa vem o (5) Medo. Pegando o exemplo anterior, poderei dizer que, vou levar a cabo este projecto porque senão sou despedido e fico sem dinheiro para pagar o empréstimo da casa, o empréstimo do carro, as contas, a comida, por isso, o melhor é pôr mãos à obra. Infelizmente, esta é a forma mais comum usada para motivar as pessoas a darem o melhor de si porque, em geral, elas se encontram psico-sócio-culturalmente condicionadas para isso. É triste que as pessoas estudem não pelo prazer de aprender mas, pelo medo de chumbarem. É triste que as pessoas vão à escola, unicamente por obrigação e constrangimento e nunca pelo desafio e prazer do crescimento pessoal. É uma pena, digo eu, que as pessoas apenas invistam na sua formação para agradarem aos patrões por medo de perderem o emprego caso não o façam. Como seria este um mundo melhor se as pessoas, por sua própria e livre iniciativa, procurassem os conhecimentos de que necessitam para tornar a sua vida o melhor que lhes fosse possível e não apenas quando estivesse para lhes cair um tecto em cima? O leitor já imaginou como seria bonito, uma sociedade em que o medo não tivesse de ser usado como factor de motivação pela negativa?

Para mim, a questão é simples! Não há qualquer necessidade de estar desmotivado ou de invocar desmotivação como desculpa para não se fazer algo. Acredito que devemos fazer aquilo que mais nos motiva naturalmente e todos nós sabemos o que isso é, desde que esse algo não nos prejudique a nós ou aos outros à nossa volta. No entanto, caso nos encontremos perante algo que tenha mesmo de ser feito e a que não podemos fugir no momento, não resta outra hipótese que a de encontrar factores de motivação. Poderá ser o reconhecimento? Sim, poderá, embora para mim não seja o melhor factor pois depende sempre do exterior, de algo exterior a nós e que pode ou não verificar-se. Poderá ser o desafio? Sim, fazer algo que naturalmente nos desmotiva será sempre um desafio e, se encarado como tal, conseguir fazê-lo será um motivo de satisfação por tê-lo superado. E é dos meus factores favoritos porque só depende de mim e dos meus critérios. Poderá ser a aprendizagem? Sem  dúvida! Para superar uma qualquer dificuldade que esteja a ter terei de correr atrás do conhecimento que venha a permitir-me lidar com a situação aparentemente desmotivadora. E poderá ser o prémio? Sim! Se nos oferecem dinheiro ou uns dias de férias extra ou umas férias pagas caso terminemos um projecto no dia tal, isto é altamente motivador. Também é das minhas formas de motivação favoritas, porque sei que o trabalho será recompensado.

No fundo, a melhor forma de nos motivarmos para algo que, à partida não nos motiva assim tanto, é pegar numa folhinha de papel ou sentar ao computador e escrever, de um lado, as vantagens da situação e do outro, as desvantagens, sendo que, no final das contas, aquilo a que chamamos vantagens e desvantagens são conceitos altamente subjectivos e que podem sempre transformar-se um no outro. Em relação àquilo que naturalmente nos motiva…bem, para isso, não é necessária motivação, uma vez que já nos motiva por si mesmo!

Um grande abraço e obrigado por leres este post!

1 comentário:

  1. Olá Hugo! Eu sou o tal palestrante que falou no LIFE Energy Aveiro sobre o Poder da Motivação. Gostei do que li no teu blogue.
    Forte abraço!

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