domingo, 19 de junho de 2011

O que é mais importante na vida


Olá caríssimo leitor, espero que tudo esteja bem contigo!

O assunto que hoje me motiva a escrever são os nossos valores!

Os nossos valores são, pura e simplesmente, aquilo a que cada um de nós dá valor. O guru de desenvolvimento pessoal, Daniel Sá Nogueira, no seu livro Trata a Vida Por Tu, afirma que os valores são algo de universal, ou seja, que todos nós damos valor às mesmas coisas: o amor, o sucesso, a inteligência, a paz, a fraternidade, entre outros. No entanto, o que varia de pessoa para pessoa é a ordem de importância, a hierarquia desses valores.

Estejamos ou não conscientes de quais são os nossos valores e da sua hierarquia, uma coisa é certa: ela existe e é responsável pelas decisões mais ou menos importantes que tomamos na vida. Sempre que temos de tomar uma decisão, pimba: aí está uma hierarquia de valores a funcionar. No entanto, essa hierarquia pode não estar construída de forma consciente, pode ser uma hierarquia determinada por pessoas e circunstâncias e não por verdadeiros critérios interiores que são aqueles que conduzem a uma vida feliz, verdadeira, preenchida, que é o que nós queremos. Tudo isto para dizer que podemos de uma forma consciente determinar quais os nossos valores mais importantes para que possamos viver o nosso dia-a-dia de acordo com eles.

Na passada 6ªFeira, dia 17 de Junho, apercebi-me de uma forma bastante amarga e dolorosa de que o principal valor da minha vida é a saúde. É muito fácil dizer que o maior valor da nossa vida é a saúde e depois no dia a dia andar a fazer várias coisas opostas ao preenchimento deste valor, tais como comer comidas pouco saudáveis, irritar-me por coisas que não me são possíveis controlar, beber cafés a mais, etc, mas esta visão de que a saúde é o valor mais importante que se pode ter só é conscientemente perceptível quando ela nos falta. Vou falar um pouco do que se passou.

Eram cerca de 12:00 quando me encontrava na praia a exercer o meu ofício de Nadador-Salvador, sentindo uma ligeira dor de cabeça que eu acreditei que iria passar. O que é certo é que a dor começou a aumentar e, comecei a colocar hipóteses para esta situação. Talvez andasse a dormir pouco nos últimos dias, talvez precisasse de comer uma sandes. E comi a sandes. Talvez precisasse de mandar um mergulho para refrescar a cabeça e assim fiz. Talvez precisasse de não me concentrar tanto em mim próprio e na minha dor e, por isso, decidi conversar com pessoas. O que é certo é que a dor foi aumentando e, por volta das 13:30 comecei a vomitar. Após o primeiro episódio de vómito, senti-me melhor e pensei que a coisa fosse passar, mas, o certo é que a saga continuou até chegar ao ponto de já não ter nada no estômago e continuar com o impulso do vómito, sem que conseguisse, obviamente, comer fosse o que fosse para preencher o estômago. Aliás, apenas o simples facto de pensar em comida me dava a volta ao estômago. A muito custo, obriguei-me a beber alguma água e comer uma maçã que, dentro de pouco tempo, teve o mesmo destino de tudo o que entrava no meu estômago. 

A situação, longe de melhorar, piorava cada vez mais, agravado ainda com a preocupação de ter de deixar a praia não-vigiada para ir procurar assistência médica da qual estava a necessitar. Aguentei ao máximo mas, por volta das 15:30, decidi deslocar-me ao centro de saúde da Gafanha da Nazaré, o mais perto que havia. 

Conduzia com imensa dificuldade, com vómitos e dores de cabeça latejantes, absolutamente sozinho, a ter de dar força a mim mesmo e não encontrava estacionamento. Finalmente, lá encontrei um estacionamento, desci do carro, perguntei a alguém onde era o dito centro, essa pessoa informou-me e dirigi-me lá a muito custo, para me dizerem que não tinham condições para tratar da minha situação, que tinha mesmo de ir ao Hospital. Procurava manter a calma, no meio de tanto sofrimento, o que era difícil. Confesso que saí revoltado do centro de saúde, praguejando contra a falta de condições daquela trampa de centro. Mas, adiante.

Conduzi valentemente pela A25 até às urgências do hospital de Aveiro, felizmente arranjei estacionamento, saí, desloquei-me à recepção para fazer a porcaria da ficha de inscrição enquanto pedi a um bombeiro um saco para o caso de ter de vomitar o que já se apresentava como inevitável e assim aconteceu antes de o pateta da recepção se dignar a levantar os olhos para me atender. 

Ao fim de algum tempo, fui chamado, para uma sala cheia de macas, fazendo lembrar daqueles hospitais africanos com toda a gente ao molhe e fé em Deus. Uma médica de muito boa vontade e com muito trabalho para fazer além de me atender, pediu a um enfermeiro que me fizesse análises e preparasse o meu braço para receber soro e medicação. Os momentos em que estive deitado naquela cama souberam-me tão bem que nem sei como descrever o alívio que senti. De seguida, já ligado ao soro e ao analgésico, uma assistente apareceu, perguntando se conseguia segui-la com o equipamento de rodas que suportava o soro e a medicação ao que respondi que sim, algo contrariado, pois queria ficar na cama e arroxar mais um pouco, mas lá fiz esse esforço uma vez que, afinal, o que era o meu sofrimento comparado com o de toda aquela gente que se encontrava à minha volta, muitos deles às portas da morte? Segui a senhora até onde me encaminhou, para fazer um TAC, que pediu que me sentasse na sala de espera. Antes disso, porém, tive de vomitar novamente, tive de ir à casa de banho próxima dali. Entretanto chegou o médico que iria fazer-me o TAC, para despistar alguma eventual causa de origem cerebral para o meu estado.

Estar deitado naquela máquina permitiu-me deitar, fechar os olhos e entrar num profundo estado de meditação, ausência de tempo e pensamento que me encheu de força para recuperar do estado de doença aguda que me atacara. Passado algum tempo, fui de novo convidado a levantar da cama (contrariado, sem dúvida, mas menos do que na vez anterior) e voltei a seguir uma assistente, conduzindo eu mesmo o carrinho do soro e do analgésico até à sala de espera onde estivera da primeira vez. Nessa sala de espera, sentado numa cadeira, entrei novamente em profundos estados de meditação que me ajudaram novamente a recuperar uma força curativa de que urgentemente necessitava. A dada altura, percebi que podia ocupar dois bancos, desde que me deitasse de barriga para cima e de joelhos flectidos, colocando o carrinho numa posição que me permitisse permanecer dessa forma. Foi mais uma forma de estar repousado, de olhos fechados, enquanto o soro e os medicamentos iam fazendo o seu efeito, lenta e progressivamente, mas com segurança.

Eram cerca de 18:00 quando já quase não sentia qualquer dor de cabeça, estando apto a falar com a minha mãe, com o meu pai, com o meu coordenador da associação de nadadores-salvadores e, por fim, com um senhor que também se encontrava com problemas de saúde e com quem travei uma conversa interessante acerca da importância que tem a saúde e de como é incrível só lhe darmos o devido valor quando ela nos falta. Este senhor, que praticara boxe e natação quando jovem, entretanto, foi embora e eu fiquei sozinho esperando que uma médica me chamasse, enquanto uma felicidade extraordinária ia surgindo dentro de mim, proveniente do alívio da dor. 

A doutora, finalmente, apareceu, pediu que a acompanhasse, referiu que estava tudo bem com as análises e com a TAC, as agulhas foram-me tiradas pelo mesmo enfermeiro da vez anterior e, de repente, fiquei livre para ir à minha vida, conduzindo o meu carro cheio de força, vitalidade, felicidade e cheio de vontade de viver (que nem o facto de ter de pagar €35 por todos os exames a que fui submetido conseguiu abalar), com a consciência de que, indubitavelmente, a saúde é o nosso bem mais valioso, o mais importante valor que podemos ter porque, sem ela, é impossível apreciar alegremente seja o que for que a vida tenha para nos oferecer!

Seria então de suma importância reflectir na seguinte questão: o que posso fazer diariamente, a partir de hoje, de agora, para melhorar ou preservar a minha boa saúde? Considero a mais importante pergunta que nos podemos colocar. Pelo menos…até que volte a faltar-me. Oxalá que não!

Um grande abraço, querido leitor e muita saúde para ti!

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