terça-feira, 5 de julho de 2011

A importância de controlar a língua

Olá grande e caro leitor, tudo fixe contigo?

Venho aqui hoje ao blog para escrever sobre um tema importante e pertinente numa sociedade da informação em que acredito que se dá demasiada importância às palavras e que essa situação origina uma enorme quantidade de conflitos entre as pessoas, se se estivesse consciente de que as palavras têm pouco valor.

No entanto, esta conclusão de que as palavras têm pouco valor não deve servir de impulso para dizermos aquilo que bem nos apetece a todo aquele que nos aparecer pela frente. As palavras têm pouca importância, de facto, para quem está num nível de consciência acima do meramente egocêntrico, para quem está minimamente desperto. Para quem não está suficientemente desperto (e lamento ter de dizê-lo, mas é a maioria das pessoas), as palavras têm de facto imensa importância. Umas palavrinhas, um mero conjunto mais ou menos articulado de letras, é suficiente, em muitos casos, para levar uma pessoa à alegria ou ao desespero num curto espaço de tempo, ou seja, nessa circunstância as pessoas são meras vítimas das circunstâncias, das palavras, de ar e som. 

O significado que se atribui ao que os outros dizem é o verdadeiramente importante, é aquilo que verdadeiramente é responsável pelas emoções sentidas por parte daqueles a quem as palavras são dirigidas. Se a pessoa que ouve certas palavras for suficientemente consciente para não se deixar identificar com o que está a ser dito, é capaz de permanecer sereno e impassível, compreendedno que, mesmo que a outra pessoa esteja a ser desagradável e insultuosa, esse estado pertence a ela mesma e não tem necessariamente a ver com o receptor do insulto. Pode também acontecer e acontece frequentemente, certas pessoas utilizarem os elogios, as palavras doces para levar alguém a actuar de boa vontade no sentido da sua própria conveniência.

Recordo há pouco mais de duas semanas uma situação ocorrida numa praia fluvial onde trabalho como Nadador-Salvador. A situação tinha a ver com uma rixa de palavras por telemóvel ocorridas entre duas raparigas, em que uma havia chamado a outra de "mulher da vida", meretriz, vaca, entre outras designações altamente interpretadas como pejorativas entre as mulheres. De repente, vejo a receptora de tais insultos, levantar-se, dirigir-se à rapariga em questão que se encontrava com o seu grupo de amigos, forçá-la a levantar-se e atirar-se aos seus cabelos, puxando-os violentamente e cobrindo-a, seguidamente, de fortes bofetadas até ao momento em que a sua irmã interveio e lhe pediu que parasse de bater na pobre rapariga, uma vez que já havia sido suficiente. 

Não se tratando de nada que tivesse a ver comigo, permaneci sereno a observar o desenrolar da situação, enquanto pensava de mim para mim o quanto umas meras palavrinhas lidas num ecrã de telemóvel podiam ter em si mesmas o poder de manejar os 5 cinco centros da máquina orgânica de uma pessoa (Intelectual, Emocional, Motor, Instintivo e Sexual), tal como um artista maneja uma marioneta. Sinto-me forçado a dizer que por vezes, não somos mais do que isso mesmo: marionetas manejadas por fios invisíveis. (Ocorre-me que neste preciso momento posso, eu mesmo, estar a ser movido por fios invisíveis que me levam a escrever este post, eheh). O que aconteceu aqui foi que, a rapariga que enviou a mensagem, teve o poder de levar a outra rapariga a agir contra si, um poder usado de forma prejudicial para si mesma, uma forma negativa de poder. Estas palavras representaram uma ameaça contra o auto-conceito dessa rapariga. Por outras palavras, houve uma identificação com os insultos, de seguida essa identificação conduziu à fascinação egóica e, por fim, a fascinação egóica conduziu ao sono da consciência e aos terríveis actos de violência que poderiam ter consequências imprevisíveis. Todos sabemos que violência gera violência e que, caso não tivesse sido travada, não sei o que poderia ter acontecido. Tudo isto por causa de umas palavrinhas...

No entanto, a rapariga que foi vítima das bofetadas e dos puxões de cabelos, além do vexame a que foi exposta em plena praça pública, terá aprendido uma lição e, provavelmente, não voltará a repetir este comportamento. Terá aprendido o enorme poder que as palavras têm, que podem originar consequências de enormes dimensões. A vida, o universo, usou a rapariga que a esbofeteou como uma professora do ginásio psicológico da vida, foi uma forma de mostrar que as palavras têm poder e que este poder deve ser usado para o bem e nunca para o mal.

Em jeito de conclusão, gostaria de afirmar que o nosso dever para com a palavra é duplo: por um lado usar a nossa palavra de uma forma muito cuidadosa e sempre com bons intuitos; por outro, não nos identificarmos com aquilo que nos é dito. Aquilo que nos dizem que somos é apenas uma história que outra pessoa conta a si mesma acerca do que lhe convém acreditar acerca de nós e a verdade do que somos é a verdade do que somos e sempre seremos aquilo que somos, nunca o que os outros dizem que somos, tanto para o bem como para o mal.

Um grande abraço e obrigado por leres este post. Se quiseres, deixa-me o teu comentário, dúvida ou sugestão!

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