quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Reflexão sobre uma filosofia de necessidades mínimas

Olá meu caro ou minha cara leitora, tudo bem contigo? Espero sinceramente que sim e mesmo que não esteja, o objectivo deste e doutros posts é, precisamente, dotar os seus leitores de certas e determinadas ideias capazes de aumentar o seu nível de consciência em relação à vida ou em relação a certas áreas específicas da vida. Quanto mais correcta for a nossa forma de pensar, mais correcta será também a nossa forma de sentir e actuar, que é o que todos queremos. O máximo bem-estar para o maior número de pessoas possível é o meu sincero anseio, porque quanto mais pessoas estiverem bem consigo mesmas mais fácil será que eu próprio também esteja bem, por isso, acaba por ser para meu próprio bem escrever este post ou fazer qualquer outra coisa capaz de influenciar outros positivamente. Mas passemos a falar sobre o assunto que aqui nos traz, ou seja, a filosofia de necessidades mínimas.

A filosofia de necessidades mínimas é uma filosofia cujo baptismo foi da minha autoria e que assenta num princípio lapidar de vida: “Não é feliz quem tem mais mas, sim, quem deseja menos”, uma frase que ouvi num debate “Prós e Contras”, proferida pela apresentadora do programa cujo nome não recordo mas que acho que é Fátima Não Sei O Quê, programa esse onde se falava sobre a depressão e a ansiedade. Na mesma linha de raciocínio, Buddha, há 2500 anos atrás foi taxativo: “O desejo é a causa causorum de todo o sofrimento!”

Ser-nos-ia fácil, engolir estas afirmações a seco mas não é isso que pretendemos. O que pretendemos é autonomia de pensamento, o que pretendemos é a integração do que aprendemos na nossa realidade particular e, nesse sentido, há que esmiuçar um pouquinho as verdades mastigadas pelos mestres de todos os tempos e idades. A ver: porque será que o desejo é a causa de todo o sofrimento?

O desejo é a causa de todo o sofrimento porque, assenta numa coisa chamada ignorância! Diga-se, um tipo muito específico de ignorância que assenta na ideia de que, para sermos felizes, temos que satisfazer todos os nossos desejos e caprichos. A grande armadilha implícita neste raciocínio é que, em primeiro lugar, a nossa mente está sempre a desejar todo o tipo de coisas, pelo que os nossos desejos são inexoráveis, não acabam, não há limites. Por outro lado, mesmo quando alguns desses desejos são satisfeitos, acabam por não trazer o preenchimento que se esperava com a sua satisfação. Ou seja, surge a desilusão, derivada da ilusão produzida pelo desejo. E o problema não pára por aqui: associado ao desejo estão vários outros problemas. O primeiro que gostaria de referir é o do medo!

Quando desejamos algo com muita força e acreditamos que esse algo irá trazer-nos felicidade, se acreditamos que a nossa felicidade depende da satisfação desse desejo, nasce daí, imediatamente, o raciocínio oposto, ou seja, se eu não conseguir satisfazer aquele desejo, não poderei ser feliz, ou seja, serei infeliz. E ninguém quer ser infeliz, certo? Então, o que surge? O medo de ser infeliz, o medo de não conseguir satisfazer o desejo e, sem dúvida, o medo é um estado de infelicidade, um estado de amargura, de sofrimento, certo? Este medo pode também derivar da satisfação do próprio desejo. Explico-me: desejo satisfeito, casa comprada, carro comprado, mulher conquistada, etc, seja o que for, surge o medo de perder o que se conquistou, ou seja, o desejo, quer seja ou não satisfeito tem sempre associada a si, inevitavelmente, a infelicidade, o sofrimento, sempre. Parece que Buddha tem alguma razão, não te parece? Então, se o desejo é a causa de todo o sofrimento, muito provavelmente, a ausência do desejo originará o fim do sofrimento! Eheh, eureka! Então, a morte do desejo origina, por extensão, a morte do sofrimento! Que descoberta, hã? Então mas…como se mata o desejo? Dá-se-lhe um tiro? Enforca-se, guilhotina-se, como?
Tem calma amigo ou amiga, vamos com muita calma. 

Em primeiro lugar, necessita-se compreender que estas questões são complexas. Desejar e seguir o desejo são hábitos biopsicosócioculturais muito enraizados em cada um de nós e que não são assim tão fáceis de erradicar. Mas tudo tem de ter um início, não é mesmo?

E é aí que eu entro com a minha super inovadora filosofia de necessidades mínimas à qual se poderia igualmente chamar de filosofia de desejos mínimos.

Em primeiro lugar, importa compreender que as melhores coisas da vida são gratuitas: ir à praia, dar um passeio, meditar, dar um mergulho no mar, dormir, fazer amor, observar a natureza, fazer exercício físico. Em segundo lugar, importa aplicar medidas para ser possível estar o mais possível satisfeito no momento presente. É bom referir que o desejo nasce sempre de um estado interior de carência, de vazio e, por isso, se fizermos coisas específicas para nos preenchermos com alegria, paz, amor e felicidade, a satisfação no momento presente torna-se cada vez mais forte e os desejos vão perdendo força. Na minha experiência pessoal, a meditação é a forma mais eficaz de alcançar satisfação no momento presente, de estarmos bem connosco mesmos, de nos sentirmos cheios de energia de elevada frequência vibratória que se opões à energia densa do desejo. Ora, se estamos bem, porque motivo haveríamos de acreditar que precisamos alcançar algo de específico para nos sentirmos preenchidos? Ora, se nós já nos sentimos preenchidos mesmo, sem sair do sítio, sem tirar o rabo da cadeira, sem gastar dinheiro, sem andar em correrias frenéticas, sem chatear Deus e todo o mundo, sem ficar endividados, sem angariar inimigos, sem arranjar toda a espécie de canseiras e confusões para podermos conquistar os nossos desejos, porque motivo haveríamos de dar-nos a esse tipo de trabalheira? Quanto a ti não sei mas, eu cá, sou capaz de preferir a primeira opção. Mas não deves admirar-te se eu te disser que quase toda a gente prefere a complicação à simplicidade. Aliás, o estado caótico em que se encontra a nossa sociedade é prova disso mesmo! E desse caos em que a maioria das pessoas se encontra, aproveitam-se as entidades publicitárias às mil maravilhas para impingir-lhes todo o tipo de produtos, activando os desejos que existem dentro delas. Muitas vezes penso: se estes gajos das propagandas e publicidades estivessem dependentes de gajos como eu e tu para sobreviverem, estavam bem tramados!

Bem, espero ter sido claro, sobre o que significa a filosofia das necessidades mínimas. Qualquer coisa, é só perguntares, manda-me um e-mail que te responderei assim que puder.

Fica bem, um grande abraço!

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